Perdida numa cidade onde não falam a língua

Panda no zoo de Pequim
Dia 11: Ontem cheguei ao hostel e disse a mim própria que só ia dormir umas 3 horinhas (visto que ainda eram 22h30 em Portugal quando aterrámos em Pequim). “Yah, pois!” Disse o corpo ao cérebro. Acabei por dormir até às 18h da tarde. O que fez com que não conseguisse dormir à noite, o que fez com que hoje acordasse à 13h e desperdiçasse grande parte do meu dia.
 
Decidi, então passar pelo Jardim zoológico de Beijing onde iria ver Pandas pela primeira vez!!! Pandas! Finalmente, o meu número não sei quantos da minha Bucket-List pode ser riscado.
 
Para lá, não houve problemas, fui dar com a estação na perfeição. O sistema de linhas é bastante semelhante ao metro de Londres e os nomes têm o Pinyin (fonética do Mandarim) por baixo.
 
Foi à vinda que as coisas se complicaram. 
 
As estações de Beijing têm quatro saídas (ou pelo menos a de Zhangzizhonglu tem). E depois de andar perdida durante uns tempos, voltei a entrar na estação e sair por outra saída. Continuei perdida!
 
Finalmente, comecei a perguntar, mas as pessoas ou não sabiam ou não queriam ajudar por não saberem falar inglês, porque todos me respondiam que “não, não.” Um senhor, que falava inglês, acabou por colocar a morada no GPS do telemóvel e pode ver que estava perto, mas não sabia qual era a direção do mapa. Acabou por apontar a dizer que devia ser para ali.
 
Mas quando ali chegou e eu continuava sem ver a outra saída do metro da estação, voltei a perguntar. Este senhor já parecia mais seguro, mas não falava uma palavra de inglês, e apontou-me para a frente, fez o sinal de cruzamento com os dedos e apontou para a direita.
Panda no zoo de Pequim

Continuei a andar em frente (passando por aquela rua uma segunda vez) Cheguei ao cruzamento no final da rua e ainda não via nada que fosse familiar e decidi perguntar a um rapaz no cabeleireiro que me apontou na mesma rua que o senhor anterior. No final da rua ainda não havia sinal dos becos onde fica o meu hostel.

Voltei a perguntar.
 
“É para trás,” assinalou uma senhora em mandarim numa farmácia. “É para trás,” assinalou outro rapaz.
Como é para trás? Acabei de fazer esta rua e não vi nada!
 
Comecei a desesperar e a parar os táxis. Parei 3 táxis, mas sempre que lhes mostrava a morada todos abanavam as mãos negativamente. Não sei se não sabiam ou se recusavam-se a levar-me por ser tão perto, porque nenhum falava inglês.
 
Finalmente, o taxista pareceu reconhecer a morada e apontou para trás. Eu fechei a porta do carro e disse: “Ok, então vamos.” O senhor começou aos berros comigo em mandarim e a fazer o sinal de dois e para trás. “E uns dizem para a frente, outros para trás e eu estou cansada de estar perdida,” berrei também, em inglês. Ele lá deve ter percebido que eu não ia sair porque pôs o taxímetro a contar.
 
Ele percorreu toda aquela rua que eu fizera a pé, virou na direção da rua onde eu perguntara ao primeiro homem do GPS e voltou para trás na outra faixa da estrada. De seguida, parou num beco e apontou-me para a frente, mas eu ainda não conseguia ver o meu hostel e não havia hipótese nenhuma de continuar perdida e ainda assim pagar por isso. Também eu apontei para a frente dizendo que seguisse. Ele voltou a reclamar comigo em mandarim e a gesticular e percebi que tinha algo a ver com o carro não caber. “E eu estou cansada de estar perdida,” reclamei mais alto que ele.
 
Ele acabou por ceder, o carro acabou por caber e eu acabei por encontrar o meu hostel depois de ter estado duas horas perdida nas mesmas ruas. “Don’t follow me. I’m lost too!”

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