Como forma de fazer propaganda, e convencer os leitores de um género a pegar nos nossos livros, é bastante comum associa-los a outros autores do mesmo género literário. “Sombras” foi associado a aos livros de Stephenie Meyer e Becca Fitzpatrick, e apesar de apresentarem algumas influências deve-se apenas ao facto de serem dos livros que mais venderam dentro do género fantástico. Mas no que toca a influenciar “Sombras”, há uma autora que se destinge em particular: Richelle Mead e os seus livros Vampire Academy (Academia de Vampiros).
Título Original: Vampire Academy (a sério que não conheces?)
Autor: Richelle Mead (nunca ouviste falar dela?)
Editora: Edições Contraponto
Páginas: 264 (menos que o Twilight por isso não há desculpa para não ler)
Sumário
Rose Hathaway é uma Dhampir, o que faz dela uma meia-vampira guardiã de Moroi (os vampiros bons) contra Strigoi (os vampiros maus ). Ela dedicou toda a sua vida a proteger a melhor amiga, Lissa Dragomir, que é uma Moroi da família real.
Depois de passarem anos a fugirem, Rose e Lissa são levadas de volta à Academia de Vampiros por Dimitri Belikov, um guardião e professor no instituto.
Rose tem de ter treino extra para acompanhar toda a formação que perdeu, ao mesmo tempo que se preocupa com o facto de que a própria coisa de que ela e Lissa fugiram possa vir atrás de Lissa. Oh, Rose também não consegue negar que tem um fraquinho pelo professor.
Review
“Academia de Vampiros” foi um livro que me prendeu desde a primeira página — ok, devo admitir que o facto de ser sobre criaturas sobrenaturais ajudou e tornou a minha opinião ligeiramente imparcial, mas já li livros de fantasia em que cada página era uma tortura. E, apesar da saga Twilight (Luz e Escuridão) ter sido o motivo que me levou a descobrir Academia de Vampiros, estes livros foram o que me levaram a escrever sobre eles.
O truque?
O truque em qualquer livro está nas personagens. Em criar uma rede de personagens fictícias que leva os leitores a acreditarem que estas são reais de forma a que temam os seus destinos. Bella Swan pode ser uma personagem que faz tudo por amor, mas no que toca a personalidade deixa muito a desejar.
Rose Hathaway pelo contrário é uma personagem sarcástica, impulsiva, arrojada e, acima de tudo, não só se preocupa com o amor da sua vida como também com os seus amigos, não pondo de parte a existência de um em prol do outro.
Esta heroína não é o tipo de pessoa que se deixa ficar para trás enquanto espera que todos os outros lutem por ela. Ela é a primeira a saltar na linha da frente de uma batalha. Uma heroína, que sim tal como todas as raparigas da sua idade tem pensamentos de popularidade, rapazes e sexo, mas que não deixa que estes tópicos sejam o centro do seu mundo. E por último uma heroína que tal como tantas outras tem os seus momentos de dúvida e de medo.
Este é o tipo de personagem capaz de inspirar a muitas raparigas e a ensiná-las que sim, é possível ser-se bonita e ainda assim aprender a ser independente.
Mas o que mais me impressionou na escrita de Richelle Mead foi a veracidade da sua mitologia. É um livro com imaginação, mas que se baseia em folclore romeno verídico, o que mostra a pesquisa de Mead no mundo sobrenatural tornando a história um pouco mais plausível do que criar criaturas industrítiveis.
O filme
Assim que li este livro depressa desejei pela sua adaptação no cinema. E quando descobri que finalmente os meus sonhos iam ser realizados, foi uma longa espera de três anos. Três anos para finalmente ter o meu companheiro de casa a conseguir-me bilhetes para a ante-estreia do filme e poder vê-lo dois meses mais cedo do que a sua estreia em cinema (uma espécie de teste que pede aos espectadores que digam o que gostaram e o que não gostaram de forma a que os donos do cinema decidam se hão-de comprar o filme ou não).
Duas horas depois saí da sala de cinema desapontada.
O filme parecia uma paródia do livro. Sim, tenho de admitir que os directores tentaram recriar o lado sarcástico de Rose, mas de uma forma exagerada, colocando humor em situações onde este não devia existir. Se me ri com o filme? Às gargalhadas. Mas a seriedade da história e o mundo fantástico que Mead criou ficou um pouco a desejar.
Portanto, se apenas viste o filme e pensas que o livro não vale a pena, pensa novamente. Deves definitivamente ler este livro se adoras fantasia urbana.
Que outras adaptações cinematográficas te deixaram desapontado?
Patricia Morais é autora de «Sombras», «Chamas» e «Crónicas de Shaolin» publicados pela Coolbooks. É também co-autora da antologia «Os Monstros que nos Habitam». Iniciou recentemente um projeto que visa a unir autores a bloggers literários, a Sociedade Escritores Portugueses (SEP).