Muito conhecida é a citação de Ibn Battuta que disse “Viajar deixa-te boquiaberto, e depois transforma-te num contador de histórias”. E talvez devesse ter sido com essa perspetiva que entrei nas minhas viagens de mochila às costas pela América do Sul, mas não…
Não é que não concorde, pelo contrário, não podia concordar mais. E quando uma das miúdinhas a quem tive o prazer de ensinar inglês no Peru, me elogiou em espanhol “usted eres adorable”, um amigo meu não pode deixar de gozar com o encanto do inglês com que ela o tinha dito. “Oh, well, pelos vistos não sou lá grande professora,” queixei-me. Ao que ele respondeu que teria de me contentar em ser uma boa viajante e uma contadora de histórias de grande sucesso.
A inspiração para as minhas viagens veio da frase que não me canso de realçar, “um escritor é a soma das suas experiências”. Esta frase veio do filme Stuck In Love e apesar de não ter achado o filme algo de repetir tantas vezes quanto o Harry Potter (nenhum filme se encontra a esse nível), essa frase marcou-me de forma a nunca me ter dado a oportunidade de esquecê-la.
Quem me conhecer bem o suficiente saberá que sou um bocado aficionada por citações e quase me agarro a elas como se fossem uma religião. E a verdade é que esta frase não podia se aproximar mais da realidade. Se não chegarmos a viver, sobre o que iremos escrever? Criatividade não nos levará a todo lado…
E o que ganhamos quando viajamos? Muito mais do que estávamos à espera!
Conheces mais pessoas
Muitas das minhas personagens secundárias são baseadas em pessoas reais. Um pequeno traço aqui, outro ali e torno-as irreconhecíveis até mesmo aos olhos das pessoas que as representam. A verdade é que muitas vezes não nos vemos a nós próprios da mesma maneira que os outros nos vêm.
Uma das personagens que aparece no segundo livro de «Sombras» é de personalidade inspirada numa pessoa, físico de outra que conheci na Tailândia e nome de outra que conheci no Peru (o nome foi apenas porque ele já há um ano que se chamava Jack, mas infelizmente isso podia confundir algumas pessoas com o nome de Jake e vi-me obrigada a fazer uns ajustes).
Tens mais momentos para relembrar
Enquanto viajas conhecerás pessoas fantásticas, e com essas pessoas partilharás momentos engraçados, dignos de relembrar para um pequeno momento de humor.
Uma pista: o facto de discutirmos com um americano sobre que futebol é realmente o futebol verdadeiro, provoca um momento de discórdia no meu segundo livro que pode ser engraçado.
As culturas dos países
Enquanto viajei (este ano não só para a América do Sul, mas também para Marrocos, Índia e Tailândia), tens a oportunidade de estar submersa em diferentes culturas, que podem ser mais tarde utilizadas para criar personagens variados, com diferentes backgrounds,
Mais cenários
Se tu visses o que eu vi, Dominó…
Florestas capazes de nos fazer perder. Montanhas de tamanho inimaginável, lagoas feitas de crateras, cascatas que quase no rebentavam os ouvidos com o som.
Os momentos de adrenalina
Não existe nada melhor do que descrever o próprio medo quando o sentimos na pele. Aquela sensação de enjoo terrível que nos passa pelo estômago, mesmo antes de saltarmos e nos apercebermos que sobrevivemos. A sensação de estar perdida sem saber o que fazer que quase leva ao desespero. A realização de que somos mais fortes do que pensávamos e conseguimos ultrapassar obstáculos.
Ou até mesmo aquele momento em que completaste algo da tua bucket-list e ficas sem palavras para descrever a sensação.
E por fim…
Mais momentos amorosos
É difícil conhecer tanta gente sem ter um ao outro que nos chama a atenção quando apanhamos o seu olhar. A química é inegável. Mais experiências significam mais histórias. Sejam elas boas ou más. Os heartbreaks mais reais. Outra frase que gosto muito é “se um escritor se apaixonar por ti nunca poderás morrer”. O que é verdade, ficarás para sempre imortalizado(a) nas suas páginas. Mas deixa-te cair no seu lado negro e também podes virar a/o vilã(o) da próxima história…
E finalmente descobrimos que apesar da aventura ser excitante e espectacular, vais sempre adorar aquele dia relaxado em que te sentaste no Starbucks de Cusco a trabalhar o dia inteiro. Daquele cafézinho pitoresco que descobriste em Lima. Ou no dia em que não tiveste de dar aulas de inglês e passaste a manhã inteira a escrever.
Todos estes momentos fazem-nos perceber que realmente adoras o teu trabalho.
Quais são as experiências pela qual passaste e que utilizaste nas tuas histórias?