Sabem que mais? Odeio editar. Odiar é uma palavra muito forte? Pois o que eu sinto acerca do assunto também é forte.
Era uma vez, uma menininha que pensou: Yupi! Vamos escrever uma história. Ela adorou todos os momentos em que sentou na sua secretária a escrever, a inventar acontecimentos, a inventar personagens, e até mesmo a inventar as suas histórias de fundo que nunca iriam aparecer no papel. Mas um dia um grande monstro malvado chamado Revisão chegou e tirou a felicidade toda da menininha.
Ela continua a lutar com ele até ao dia.
Não me levem a mal. Eu ainda adoro a minha história, e seria capaz de a ler uma quantidade inúmera de vezes. O que me irrita, é ter de procurar todas aquelas inconsistências que não nos apercebemos quando escrevemos, os erros ortográficos, como por exemplo os acentos – Argh! Eu odeio acentos. Desde a primária que deixei de usar acento no meu nome. E agora que vivo em Inglaterra e eles não usam acentos, ainda pior – e as virgulas, esses monstrinhos, capazes de alterar o sentido todo das frases, são um pesadelo.
Tudo isto está mais dentro da categoria de proofreading, mas quando estou a rever não consigo ser objectiva e concentrar-me só nos problemas evidentes do manuscrito, preciso de me concentrar em tudo.
Todas estas coisas são realmente desagradáveis.
A sério hoje estava a rever um capítulo e acabei de ver que tinha escrito “mau” em vez de “mão”. Percebem o que quero dizer com isto? Mas não só, também acabei por ter de substituir a palavra “mês” por “me” — tinha acento e tudo. Onde é que eu tinha a cabeça? E expliquem-me porque razão haveria eu de pensar que estômago leva acento no “a”? Seriously, Patricia!!
Todos estes pormenores não significam que és uma má escritora, é assim que um primeiro rascunho é suposto ser escrito. Sem te preocupares com a escrita, preocupa-te com as ideias e com a história. Mas isso significa que o período de revisão serve para corrigir todos estes pormenores desagradáveis.
E é por estas e por outras que rever é importante.
Patricia Morais é autora de «Sombras» publicado pela Coolbooks. E porque acredita que ainda não passa demasiado tempo à frente de um computador a escrever, ainda regista no seu blog as suas experiências de escrita e traduz os conselhos de outros autores de língua inglesa.