Não está perfeito, e depois?

No início deste blog, mencionei o hábito da escrita. Opinião que todos os escritores parecem partilhar. Se procurares na internet conselhos sobre escrita as respostas vão ser: disciplina, disciplina, disciplina!
 
Ora, eu e a disciplina não somos as melhores amigas.
 
Mesmo antes de começar a escrever este post estava a ter uma luta interna com o meu cérebro. Ele queria ver o próximo episódio de Salem, mas eu não o deixei. E antes mesmo de escrever a primeira palavra deste post estava a partilhar um momento especial com um pacote de batatas fritas. E, neste momento, o meu cérebro está a ponderar se deve sair à rua e comprar mais (pouco importa se acabei de almoçar à bocado). 
 
Tudo isto para evitar fazer algo de produtivo.
 
 

Mas… DISCIPLINA!!!

Vejamos assim…
 
Se uma página for cerca de 500 palavras, e escreveres uma página por dia ao fim de um ano (bem, eu nunca fui génio a matemática, mas acho que a calculadora funciona bem)  tens 365 páginas, e 182500 palavras (quase o dobro de “Sombras“)
 
(*Queue in the melodramatic self-talk*)
Então, porque não estás tu com o rabo sentado a escrever essas dolorosas 500 palavras por dia? Quer dizer isso não é nada, certo? O teu objetivo são 1500 por dia, o que num dia bom completas numa manhã. Se passares o dia a escrever chegas até às 5000. E as outras pessoas não trabalham 5 dias por semana, 8 horas por dia? Porque razão haverias de ser diferente?
(Terminado o meu auto-sermão melodramático).
 
O que nos está a impedir de escrever aquelas miseráveis 500 palavras, que em menos de duas horas estavam despachadas?
 

É a DÚVIDA

(na maior parte das vezes, outras vezes é mesmo preguiça). 

 
Mas agora pensa: há tempos perguntei a um amigo que idade tinha ele quando começou a fumar. “Aos 13,” respondeu. Whatttt… Com essa idade estava eu ocupada a escrever o meu primeiro livro (existem muitos escritores que fumam e escrevem ao mesmo tempo, eu apenas nunca fui um deles). Ver o último episódio dos Morangos com Açucar também nunca foi muito a minha preocupação. Saber quem andava com quem na escola ou arranjar um namorado meu, também não. Aos 13 anos já estava decidida a acabar aquele livro que tinha começado aos 12.
 
E porquê? Porque já sabia o que queria ser e estava determinada a consegui-lo.
 
Nessa idade ainda não tinha lido livros suficientes para me considerar perita em histórias, e com certeza não escrevia de maneira perfeita (pode dizer-se que nem sequer escrevia decentemente). A minha escrita era infantil, com falhas e mais erros ortográficos do que a Wikipedia tem de fontes.
 

Mas aí está a chave: perfeição!

 
Na altura eu sabia que queria terminar aquele livro, sabia que para ser escritora precisava de… bem, escrever!
 
Então, porque continua o Salem ali a gritar? Podes chamar-lhe pesquisa, podes dar-lhe todos os nomes bonitos que quiseres, mas continua a ser procrastinação.
 
Como já disse várias vezes, não importa se não vai prestar. Não importa o número de revisões que vai precisar. O que importa é que termines. Vai até ao fim!
 
Quando finalmente tiveres algo físico na mão, aí podes ser o/a maior julgador(a) do mundo. Podes te preparar para as 20 revisões, mas conseguiste. Sentaste o rabo naquela cadeira 7 vezes por semana, durante um mínimo de 2 horas. Agora podes ir buscar aquele pacote de batatas fritas e ver a temporada inteira de Salem.
 
E, dá-te uma palmadinha nas costas “porque tu mereces”.

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