São 9 da manhã (não, não são porque este post está a ser escrito no futuro, mas tenho a certeza que devia circular por essa hora quando a ação decorreu) e tenho a chávena de café à minha frente e o computador aberto.
Na secretárias, espalhados, estão os livros do Harry Potter, Crepúsculo, Divergente, Instrumentos Mortais, e Eragon. Tudo o que puder dar umas luzinhas de como escrever o que vem a seguir: cenas de luta.
Todos sabemos que em livros de fantasia e ação, mais cedo ou mais tarde, não podemos evitar estas partes que nos deixam eufóricos, cheios de ansiedade e a torcer pelo protagonista (ou pelo vilão). Mas quando não fazemos o trabalho todo, corremos o risco de ter uma cena que é aborrecida, confusa e com falta de brilho.
É por isso que quando chega a estas alturas começo a fazer os trabalhos de casa. Começo a estudar o trabalho de outros escritores para ver o que funciona (e o que não funciona). Ah, era para isso que serviam aqueles livros todos, dizem vocês… pois era… mas não precisam de ir ler vinte livros para poder escrever duas páginas de uma batalha. Procurei alguns conselhos (conselho 1, conselho 2) e organizei estas ideias:
Prepara o cenário
As cenas de luta devem ser rápidas e tensas, mas ainda assim explicarem o cenário.
Muitos escritores acham que ajuda quando fazem um mapa da batalha que está prestes a decorrer e planear onde vão estar os personagens (alguns até usam brinquedos para ajudar, eu utilizo os meus dotes artísticos).
Lista de eventos
Tu sabes que algo é suposto acontecer aqui e ali. Faz uma lista dessas situações em particular e organiza os teus personagens de forma a chegarem lá. Se não tiveres uma ideia clara do que está a acontecer, os teus leitores também não terão.
Motivo
Porque estão os teus personagens a lutar? Lembra-te, a resposta não deve ser porque queres uma cena de luta na história. O que os motiva para vencerem a luta? Quais sãos os riscos que correm se perderem a dada luta?
Uma batalha é uma situação onde os nervos estão à flor da pele. A escolha de ficar ou fugir diz muito acerca da personalidade do teu personagem. O que eles fazem ou pensam quando têm a balança desequilibrada mostram o seu caráter aos leitores.
Suspense
E fazemos isto ao criar suspense, o desenvolvimento que ocorre até se atingir o clímax. Este deve ser maior do que a luta entre si demonstrar o nervosismo da situação.
Keep it real
Nada irrita mais os leitores do que cenas irrealistas onde um personagem faz e acontece e nada lhe atinge. Quando vemos os filmes do Super-Homem também esperamos algum tipo de fraqueza, se não porque lhe daríamos vilões? Quer dizer ele é o Super-Homem, ele é capaz de tudo. Mas até ele precisa da sua kryptonite para tornar as coisas interessantes.
Deixa um bocado para a imaginação
Relatos detalhados de todos os passos e golpes tornam as cenas pesadas e aborrecidas.
Escreve um pouco à volta do físico e descreve os cheiros e os sons. Foca-te no que sente o personagem, como por exemplo o sabor do sangue, o zumbido nos ouvidos e a dor das lesões.
O que me lembra de outro ponto: não tenhas medo de dar os detalhes que são um pouco mais macabros. Faz com que o leitor se aperceba da intensidade da batalha.
E por último…
Repetição
Com cenas de luta corremos o risco de muitas vezes cair na repetição. Repetir os ataques, repetir os verbos que descrevem a cena, repetir as frases.
Mantem as frases curtas, mas tenta não o fazer demasiadas vezes. Alterna um pouco entre frases mais compridas e frases curtas para movimentos mais rápidos.
Diversifica as tuas descrições. Tenta usar os mais variados verbos para descrever as mesmas cenas de cair, saltar, esmurrar, etc.
Faz referência com as tuas outras cenas de luta para teres a certeza que não estás a repetir o que já foi dito antes.
E com isto terminei o tal último capítulo que me faltava escrever do rascunho da sequela de «Sombras» e posso finalmente passar à revisão.
(Yay!)
E, tu, já alguma vez escreveste uma cena de luta? Como fizeste?
Patricia Morais é autora de «Sombras» publicado pela Coolbooks. E porque acredita que ainda não passa demasiado tempo à frente de um computador a escrever, ainda regista no seu blog as suas experiências de escrita e traduz os conselhos de outros autores de língua inglesa.