4 truques infalíveis que me fazem escrever, mesmo quando não tenho vontade

Ser escritor não é fácil. A inspiração não é algo que está lá para te saudar todos os dias só porque, de repente decidiste que estava na hora de começar a escrever o tal livro com que tens sonhado. E, mesmo quando já sabes qual é o rumo que a história irá levar, nem sempre é fácil colocar a ideia em palavras. Pelo que o nosso cérebro arranja maneira de adiar esta atividade infortuna e substitui-la com desculpas, também conhecida como procrastinação. Mas. ao longo da minha experiência, encontrei alguns truques que me ajudam a combater a minha inimiga preferida.

 

Ler sob escrever

«Sombras» foi um livro que demorou bastante tempo a ser desenvolvido para chegar ao produto final. Antes de ter aquilo que eu me sentia confortável em chamar de “primeiro rascunho”, o meu livro de apontamentos estava repleto de rabiscos, rascunhos e frases de uma linha para descrever cenas por escrever que mais tarde iriam ser incluídas na história.

Até ter descoberto Veronica Roth, a minha musa nos conselhos sobre escrita (apesar do blog dela já não estar ativo). Cada vez que me sentia menos inspirada para escrever, sentava-me a ler os conselhos dela e cinco minutos depois a vontade de colocar esses conselhos em prática estava de volta. Foi assim que consegui finalmente terminar «Sombras».

Anos depois de publicar o meu livro, vi-me novamente na mesma posição: de amadora à procura de inspiração. Tive uma pausa de quase 3 anos, durante os quais quase não consegui escrever devido as uns certos problemas emocionais. Mas estou de volta à escrita – em força, se me permitirem a falta de modéstia – e reparei que o que me faz sentir mais motivada e garante que as palavras sejam postas no papel é este pequeno truque.

 

Fazer pesquisa

Qualquer que seja o tema em que escreves, é provável que tenhas de fazer alguma pesquisa sobre o assunto. Sendo eu uma escritora de ficção sobrenatural, nem imaginas a quantidade de coisas estranhas no meu historial (armas, morgues, como descrever o cheiro/sabor de sangue, descrever um corpo morto, explosões, decapitação, etc.).

Mas outra coisa que adoro pesquisar são os monstros. Tenho um caderno de criaturas sobrenaturais que comecei há 10 anos atrás, devido à minha fixação com a série Sobrenatural. Essa fixação tornou-se em algo ainda mais sério, quando decidi utilizar a minha pesquisa para as histórias que escrevia. E algo que descobri que funciona maravilhas, quando não tenho muita vontade de escrever, é um passeio pela Wikipedia à procura de monstros mitológicos que ainda não foram utilizados. 

Pesquisar os cenários para o teu livro também ajuda. Tenho uma pasta cheia de fotografias de potenciais cenários que podem ser utilizados na descrição da história, e um dos meus exercícios preferidos é olhar para as fotografias e imaginar os meus personagens nesses cenários. As cenas que mais me diverti a escrever vieram de momentos de inspiração depois de fazer este exercício.

 

Ler

Já alguma vez leste algo que te inspira de tal forma que sentes vontade de sentar o rabo na cadeira (sem descriminar outros métodos ou locais para escrever) e teclar sem parar? Ou a leitura provocou-te uma saudade da tua arte de forma tão intensa, que sentes um vazio no estômago que te obriga a pegar no papel e caneta e matar essa saudade?

Alguns escritores são capazes de criar emoções tão fortes nos leitores, que ficamos agarrados aos livros. Quer seja um suspense que nos faz duvidar de tudo, um romance que nos faz corar, ou uma boa fantasia que no faz sonhar. Ao lermos absorvermos todos estes métodos aperfeiçoados pelos outros, mesmo que de forma inconsciente. Portanto, mesmo sem nos apercebermos desenvolvemos as ferramentas, e se tiveres sorte a vontade, para criar a tua própria história fantástica.

Todos os escritores começam por ser leitores. E, da próxima vez que sentires que estás sem vontade de escrever, experimenta ler primeiro.

 

Escrever na mesma

Este pode parecer contraditório, mas é necessário. Não faltarias ao trabalho ou à escola só porque não tens vontade de ir naquele dia, pois não? Então, não devias fazer isso com o teu sonho: assumindo que escrever um livro/conto/novela é o teu sonho.

Não precisas de escrever um capítulo inteiro, nem precisas de escrever algo relacionado com a tua história. Só precisas de tentar.

Ao longo dos anos, algo que descobri que funciona muito bem é:

  • Coloca um temporizador com 5 minutos. Durante esses 5 minutos escreve sem parar. Pensamentos soltos, ideias que te venham à cabeça, coisas que achas que nunca entrarão na história, mas que te fazem conhecer melhor os teus personagens… Coloca tudo no papel. O objetivo é criar um ritmo sem que sintas que tens de ser criativo(a), de escrever bem, ou ser original, porque estás a escrever para ti.

Depois deste exercício tenta ver se alguma ideia te veio à mente e começa a escrever. Coloca uma palavra atrás da outra, não importa o tempo que demore, mas faz um esforço. 

As primeiras cenas de «Chamas» foram algo que eu não sabia como começar sequer a escrever, sabia o que acontecia, mas não encontrava a inspiração para as palavras. Depois de ter feito um esforço para escrever, apesar da falta de vontade, entrei de tal forma na história que acabei por escrever 5,000 palavras nesse dia. Um dos meus recordes pessoais!

 

Conheces mais algum truque infalível? Não te esqueças de partilhar nos comentários 😉

 

Patricia Morais é autora de «Sombras», «Chamas» e «Crónicas de Shaolin» publicados pela Coolbooks. É também co-autora da antologia «Os Monstros que nos Habitam». Iniciou recentemente um projeto que visa a unir autores a bloggers literários, a Sociedade Escritores Portugueses (SEP). 

Patricia Morais a dar um autografo no lançamento de Os Monstros que Nos Habitam

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